O país começou esta semana a tremer. Eu não senti (e sinto-me pessimamente por isso), mas garantem-me que sim, que o país começou esta semana a tremer. Como se fosse a primeira vez, espantámo-nos; viemos para a rua perguntar “como é possível?” e garantir que não estávamos preparados para tal. Como se fosse a primeira vez, enchemos os canais de notícias de especialistas, enchemos os canais que não são de notícias de especialistas, esses especialistas encheram-nos de informações mais ou menos alarmantes, porque afinal, como se fosse a primeira vez, Portugal (e Lisboa, muito particularmente) não está pronto para sismos.
Não, não foi a primeira vez, mas esquecemos estas coisas bem mais facilmente do que devíamos: há tempos historicamente não muito longínquos, corria o ano de 1755, um terramoto arrasou com uma boa parte da capital e matou dezenas de milhares de pessoas. Lisboa reconstruiu-se e reergueu-se, com avenidas tão largas como as vistas do Marquês que liderou o processo, mas o trauma da tragédia toldou o óbvio: mais cedo ou mais tarde, não só é possível como provável que a terra volte a abanar na mesma zona.
Agora, o país fala sobre isto: sobre as causas, as consequências, o que já se fez e, principalmente, o que falta fazer. É o que melhor fazemos, este exercício que junta gente à mesa do café e nos bancos de jardim, em conversas ávidas de maldizer. Aconteceu o mesmo umas semanas antes, quando a participação olímpica portuguesa ameaçava o fracasso. “Não valem nada”, “que anedota”, “isto é uma vergonha para o povo” – gritava-se antes do tempo. É que, dias depois, concluía-se a nossa mais bem-sucedida missão de sempre em Jogos Olímpicos, com quatro fantásticas medalhas e mais umas quantas que estiveram quase, quase ao peito.
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