1 – Os rurais de Espinho
Muito coisa aconteceu, ao longo de toda a semana do cinquentenário do 25 de abril de 1974. Nos “dias antes”, correram as “estórias”, e o contista-mor foi o Senhor Presidente da República, com declarações insólitas, a mostrar a força das palavras e o perigo de as usar mal. Nada foi mais comentado no espaço público ou privado, do que o indiscreto convívio do PR com jornalistas da imprensa estrangeira, onde se permitiu traçar, nada mais, nada menos, do que o retrato psicomotor dos últimos primeiros-ministros, o anterior e o atual, ambos caracterizados como “lentos”… Conhecida a invulgar agilidade mental de um e do outro, e, pelo menos no caso de Luís Montenegro, também a física, (tratando-se de um praticante de várias modalidades desportivas), a adjetivação deixou o país boquiaberto de espanto, sobretudo pelo facto de conotar a lentidão de Costa com a sua ancestralidade oriental, e a de Montenegro com origens rurais!
O estereótipo racializado do “oriental” é de tal forma desajustado e absurdo, que nem merece comentário, apenas um lamento… Já a atribuída ruralidade espinhense do nosso conterrâneo pode bem ser objeto de interpretação política, muito política, sobretudo, dentro do PSD. O PPD, partido interclassista, nasceu no centro-esquerda, com as suas alas esquerda e direita, e as suas assimetrias regionais, entre as quais avultava uma: a linha de separação do cosmopolitismo lisboeta e do provincianismo do resto do País, considerado, do litoral ao interior, “país profundo” (e, por isso, Espinho, cidade marítima e turística, a dois passos do Porto, se situa, nas profundezas do mapa marcelista).
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