Como nasce o interesse pelo violino?
Comecei a tocar violino por volta dos 8 anos na Tuna Musical de Anta, estive lá cerca de dois anos e depois fui para a Academia de Música de Espinho. Na altura de avançar para o sétimo ano, refleti e conversei com os meus pais para perceber se queria mesmo seguir música. Decidi ingressar na Escola Profissional de Música de Espinho, da Academia, onde fiz o ensino básico e secundário.
O que a levou a ir para a música?
O meu pai era músico e sempre senti um bichinho grande pela música. Eu tinha as aulas de música na escola e já desde aí que tinha sempre muito à vontade. Fui para a Tuna de Anta, por iniciativa do meu pai, e na altura, nem era para ser violino. Houve uma fase em que pensei na flauta transversal, mas depois veio a ideia do violoncelo. No entanto, depois acabei por perceber que não era a melhor opção, era um instrumento demasiado grande para mim, na altura tinha as mãos pequenas. O meu pai deu a ideia de experimentar o violino e adorei.
Então apaixonou-se pelo violino logo no início?
Sim. Fascinou-me aquela facilidade que tinha em conectar-me com o instrumento, mas já passou tanto tempo que parece que sempre foi assim, já toco há 15 anos. Aliás, quando fui para a Academia de Música, como já tinha demonstrado o interesse pelo violoncelo, o meu pai chegou a perguntar-me se queria então mudar para o violoncelo, visto que estava mais crescida. No entanto, disse logo que não. Gostava muito do violino e sentia-me muito bem no palco.
O violino foi um instrumento difícil de aprender?
Sempre me senti à vontade, mas não é fácil. O facto do meu pai ter sido músico ajudou porque sempre me orientou, apesar de ter tocado trompete, mas ajudou o facto de me ter incutido uma disciplina desde cedo.
Houve uma fase em que pensei na flauta transversal, mas depois veio a ideia do violoncelo
Inês Cunha
Em que fase dos estudos está atualmente?
Acabei recentemente o mestrado, na Escócia. No próximo ano letivo, que vai começar em breve, vou fazer o Artist Diploma, o passo seguinte ao mestrado. Trata-se de um ano em que trabalhamos na nossa carreira e onde nos encontramos como artista. Tudo o que temos que fazer, nomeadamente os trabalhos, é tudo direcionado à nossa carreira.
Porquê a Escócia?
Sempre quis estudar fora. Primeiramente pensei em ir para Inglaterra, depois Nova Iorque, ainda pensei na Alemanha, mas acabei por escolher a Escócia até porque alguns colegas iam para lá. Quando soube que os europeus, quando o Reino Unido ainda estava na União Europeia, não pagavam propinas acabou por ser um fator importante. Decidi conhecer a escola e fazer provas.
Como correram as provas?
Muito bem. Logo depois da primeira prova, uma das pessoas que estava a acompanhar, confidenciou-me que a minha nota tinha sido a mais alta, embora não tivesse autorização para me revelar qual era. Fiquei surpreendida e depois acabei por ser convidada para fazer a prova de bolsa. Consegui a bolsa que me deu oportunidade de ter ajudas de custo.
Essa bolsa foi uma mais valia financeiramente?
Sim. Os meus pais não são ricos e ajudou-me bastante no aspeto da habitação e alimentação. Já durante o mestrado, que não havia direito a esse tipo de bolsa, tive que fazer algumas alterações e ser eu mesma a pedir bolsa. Foi-me concedida para os dois anos de mestrado.
A vida na Escócia será bem diferente da que estava habituada…
Sim. No início foi muito difícil e acabou por ser um choque. A minha mãe esteve lá comigo durante duas semanas para me ajudar a orientar, mas quando se foi embora houve um vazio. No entanto, depois as coisas começam a acalmar.
Com o mestrado concluído o que se segue para o futuro?
Vou concluir este ano que me falta e começar a sair para o mercado de trabalho. O objetivo é continuar na Escócia, já estou lá quase há sete anos e quero ver o que vem do que estive a cultivar destes últimos anos. Já toquei com a maior parte das orquestras de Glasgow e gostava de lá ficar pelo menos nos próximos anos, apesar de não ter um plano fixo daquilo que tenho que fazer ou onde tenho que estar. Tenho alguns objetivos, mas não estou presa a um plano.
Quais são as expectativas para o que se avizinha?
Estou entusiasma, tenho projetos em mente que quero concretizar. Gosto muito de trabalhar com teatro, portanto vou poder desenvolver essa parte durante este ano. Quero trabalhar mais frequentemente com orquestras profissionais.