Padre Jorge, aos 99 anos: “A minha passagem por Espinho foi um dom de Deus”

Não nasceu em Espinho, é natural de onde?
Sou natural de Arada, Ovar. Sou o primeiro de 10 filhos e um dos meus irmãos, o António, é meu afilhado, pois fui padrinho dele aos 8 anos. Guardo com muito carinho uma fotografia de família onde estão os meus pais e os meus irmãos. Um dos meus irmãos veio a ser o dono dos Transportes David Neto.
Fiz a quarta classe, em Arada. Depois fui trabalhar para uma fábrica de serração, moagem e caixotaria, denominada Pais Soares & Companhia, que era dos meus avós. Trabalhei lá durante algum tempo, até à altura em que a minha madrinha de batismo, que era professora do ensino primário em Arada, advertiu a minha mãe, lendo sinais, que eu era capaz de ter vocação para padre.

Quando soube isso que a sua madrinha disse à sua mãe?
A minha mãe veio dizer-mo. Nesse momento fiquei mudo! Era um sábado e não falei mais naquele dia. Naquela noite não adormecia. Só quando cheguei à conclusão que aquilo que eu queria é o que Deus quiser de mim é que adormeci. Na segunda-feira dessa semana, fui ao Porto, com a minha madrinha, aos Dominicanos, no jardim do Carregal. Tinham uma casa onde recolhiam os rapazes da aldeia que vinham à procura de trabalho e de estudos.
O padre Adriano, que era dominicano, fundou o Lar de Nazaré e foi lá que fiquei quando vim para o Porto. Mais tarde, vivi na Torre dos Clérigos onde permaneci alguns anos e ia comer ao Lar de Nazaré.