A Associação Desportiva Rio Largo Clube de Espinho completou seis décadas no dia 7 de dezembro. Desde 1962 até 2022 são muitas as aventuras para contar desde a conquista de um campo de futebol à irreversível perda de um espaço que se revela demasiadamente importante para um clube. As estórias contadas por um dos fundadores, Manuel Freitas e pelo presidente da direção do clube, Rui Freitas que sonha ainda com um pequeno campo próximo da sede.
Com uma carga emocional muito grande, um dos fundadores do Rio Largo Clube de Espinho, Manuel Freitas, recorda o dia 7 de dezembro de 1962. “Frequentávamos o café Central, considerado o espaço para os pobres, e que se situava onde é, atualmente o Ponto Chique, na rua 19 e tinha entrada, também, pela papelaria ABC. Nesse café só falávamos de futebol”, recorda o fundador do clube, lembrando, também, que “havia um grupo de rapazes, mais velhos, que disputava uns jogos e cuja sigla era Rio Largo. Quem comandava esse grupo era o Manuel Patela, que era roupeiro e tratava de toda a logística. Nos jogos disputavam-se cabritos! Mas era um grupo sem sede e sem espaço próprio”.
Foi então, que eu, o meu irmão Américo Freitas mais o Joaquim ‘Vidraceiro’ e Quim Jorge Patela, tivemos a ideia de fundar o clube, com uma organização, uma sede e com equipamentos para os jogadores”, revela um dos fundadores.
“Nessa altura havia duas equipas no Bairro Piscatório, o União do Bairro e o Unidos aos Belenenses. Depois existiam os Heróis de Brito, Clube Académico de Espinho, Império de Anta e o Sales. Pensávamos que com todos estes clubes havia a possibilidade de se fazerem uns torneios e de estarmos sempre ocupados. Formamos então o Rio Largo Clube de Espinho”, contou Manuel Freitas.
“Definimos tarefas e eu fiquei com a comunicação. Por isso, lembrei-me de escrever para os três grandes clubes de Lisboa, SL Benfica, Sporting CP e Os Belenenses, para pedir para nos cederem equipamentos usados. Não tínhamos dinheiro e era uma forma de arranjarmos material para os jogadores. Apenas Os Belenenses nos responderam e ofereceram umas camisolas”, dá nota Manuel Freitas. Mas as camisolas não eram suficientes. “Na altura vi um anúncio da Casa Osório no jornal A Bola, que vendia artigos desportivos usados e compramos 11 pares de chuteiras por 400 escudos [cerca de dois euros]. Essas chuteiras não tinham pitões e tinham umas travessas em madeira. Só nos faltavam os calções e, por isso, pedimos à Ti Saudade, mãe do Ângelo Bessa (antiga glória do SC Espinho), para nos fazer os calções que pagamos de acordo com as nossas possibilidades. Andamos uns três anos a pagar os calções”, revelou um dos fundadores. Foi a partir daí que o Rio Largo começou a disputar jogos com os clubes que havia na altura.
Porém, em 1962 alguns portugueses foram chamados a combater nas antigas colónias no ultramar. “A guerra colonial acabou por nos separar e por afastar alguns dos jogadores dessa época. O Quim Vidraceiro e mais alguns rapazes, que não foram chamados para a guerra, conseguiram segurar o clube”.
Artigo completo na edição de 8 de dezembro de 2022. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€.