Precisamente no dia em que se assinalaram 82 anos da morte de António Carlos Ferreira Soares, mais conhecido apenas por Ferreira Soares, doutor Prata ou carinhosamente como médico dos pobres, a Comissão Concelhia de Espinho do Partido Comunista Português não deixou de recordar a história de vida da figura comunista, nem a forma trágica como esta terminou.
Depois de uma romagem ao cemitério de Nogueira da Regedoura ao fim da tarde de ontem [4 de julho], local onde Ferreira Soares está sepultado, seguiu-se, já ao serão, uma sessão evocativa no Centro Multimeios de Espinho, que contou com a presença de José Viale-Moutinho, reconhecido escritor espinhense que tem dedicado muito do seu tempo à investigação sobre a história do médico dos pobres.
Defendendo que “há que cuidar da memória”, Viale-Moutinho recordou, através de um longo depoimento, as principais causas de Ferreira Soares, o caminho que trilhou, desmistificando também algumas ideias que, ao longo dos anos, foram dadas como adquiridas, mas não estão confirmadas.
De acordo com o escritor, António Carlos Ferreira Soares, que nasceu em Viana do Castelo em 1903, era filho de António Ferreira Soares e de Inês Ferreira Soares, naturais de Grijó e Nogueira da Regedoura, respetivamente, onde acabou por se fixar e desenvolver o seu trabalho como médico, ao longo de alguns anos e até à sua morte, em 1942, com apenas 39 anos.
Foi precisamente no decorrer de uma consulta médica, no seu consultório em Nogueira da Regedoura, que o conhecido doutor Prata foi assassinado por dois agentes da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). Era investigado e procurado, houve várias tentativas para os agentes o conseguirem identificar, mas conseguiu sempre escapar, até à altura da sua morte, levada a cabo por Leonel Laranjeira, António Roquete, e José Coimbra.
A morte de Ferreira Soares, tal como afirmou José Viale-Moutinho, está até hoje pautada por algumas contradições. No entanto, o escritor não deixou de recordar a viagem efetuada até Espinho, à casa de saúde do doutor Gomes de Almeida, local para onde foi transportado, mas onde chegara já sem vida.
Recorde-se que o PCP Espinho já evocou também Soeiro Pereira Gomes, conhecido como outro mártir da Liberdade que se encontra sepultado em Espinho. As iniciativas pretendem assinalar as figuras comunistas, a propósito do 50º aniversário do 25 de abril.