A sessão desta quinta-feira [20 de março] do julgamento da Operação Vórtex contou com as explicações de Pedro Castro e Silva, arquiteto da Câmara Municipal, que continuou a responder às várias questões do juiz, embora muito focadas em termos gerais de arquitetura e da sua responsabilidade como diretor da Divisão de Planeamento.
Sobre o projeto do Lar Hércules, que estava previsto nascer no cruzamento das ruas 14 e 27, Pedro Castro e Silva relembrou a reunião que existiu na Câmara Municipal, em agosto de 2022, com a presença do presidente Miguel Reis, o arquiteto João Rodrigues, Francisco Pessegueiro e José Costa, onde foi discutida a existência de uma mansarda (termo técnico de arquitetura e que corresponde a um tipo de cobertura que permite o aproveitamento do vão do telhado para um ou mais pisos habitáveis).
“O Francisco Pessegueiro dizia que tinha que avançar com o projeto, o João Rodrigues dizia que tinha um projeto espetacular para lá e eu sentia-me a ovelha negra porque tinha uma opinião diferente”, começou por explicar Pedro Castro e Silva ao juiz, esclarecendo que a sua única objeção se prendia com a volumetria e o impacto que a mansarda tinha para o espaço público.
“Aquilo era uma mansarda, só que eu entendia que a volumetria tinha um impacto grande e quis definir critérios similares para toda a gente”, justificou o arquiteto, afirmando que pretendia “encontrar uma métrica”, já que o conceito de mansarda não é consensual e o Município de Espinho não tinha um critério definido. Segundo Pedro Castro e Silva, a reunião “exacerbou-se” e terminou de forma abrupta. “Acho que bati com a mão na mesa e saí”, contou.
De acordo com o arquiteto, a solução acabou por ser encontrada mais tarde, quando decidiu assumir uma inclinação de 45 graus, apesar de alguma contestação de João Rodrigues. “Eu era contra aquela inclinação de mansarda para o espaço público”, referiu.
O julgamento prossegue amanhã, 21 de março, às 9h30.